segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

DEVANEIOS


A chuva molha a vidraça.
O mar embalado dorme pelos carinhos do vento
assim vejo a noite escura se aquietando.
Procuro por você no baú das lembranças,
minha doce e querida... em memória.
Conheço teu rosto, lembro, vejo, imagino,
o sorriso, teus olhos... sinto o calor em tua voz
mesmo que só sejam remotos e longínquos devaneios.
Porem lindos!
Chamam-me a sonhar contigo,
Deitarmos no chão da lua, mãos entrelaçadas, quietos,
escutando os ruídos da galáxia sob o brilho das estrelas.
Olho o céu opaco, sem brilho e vou para a cama,
na espera da tua vinda.
Você virá!
Deixarei de lado os sonhos, os devaneios para voltar a sorrir
e embalado pelo teu sorriso...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Tchau!



Quando foi embora
Pensei em morte, em falta de sorte, tudo,
Menos em versar ou em poesia,
Tomei um porre!

E profetizei, poetizei bêbado nas ruas imundas,
Golfando meus sentimentos,
Como se apagasse seu nome
Nos cantos da cidade e da minha mente,
Lotados de imagens e memórias suas... 

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

ABANDONO




Agride-me o frio abandono
De um vil infinito tempo
Sem ter você para me doar

Delirando precipito-me a falecer
Fechado em dourado tumulo
Complicado de se salvar...

Queimo em um fogo sem flama
Longo tempo a solidão me ama
Amante ardente a matar.

Amor afia esta lamina
Que em meu peito descansa
E lança-me ao seu árduo pesar

Fiz de meu jeito seco cabana
E um pleno poço aberto na lama
De inútil e vazio pensar...

Salubre sentimento parasita
Desértica dor que mendiga
Afundo-me, bobo, sem respirar

Ah, meu amor que sina esquisita,
Sarcástica, irônica, maldita...
Ter asas sem voar...ter você sem poder amar

E a dor é bicho que se arrasta?
Um ser voraz sempre se afasta
Da paixão que lhe quer envenenar

Porém fecha-lhe o peito num ato trágico
E acena um adeus em um momento mágico
Pois a dor não vai mais açoitar

NÃO! Ao delírio senil, à bobeira,
Ao coração quebrantado, à zoeira,
À veia que pulsa em vão, o coração sem palpitar

Agarra-me luz derradeira
Que me apague a ilusão rotineira
Assim sofro e não deixo de amar.


sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

FÊNIX


Hoje sai, não estou... Não existo...
Lacrei minha concha no fundo do oceano,
Apenas observo ao redor e me permito odiar,
Uma vez que te amar não é possível... Desisto!

Desisto da procura, sei que não vou te achar;
Desisto de tentar começar o que nunca ira vingar,
O que sonhei e que tanto amei,
Desejei!

Hoje penso, relembro o que não passou;
Não choro, nem escorrem lágrimas de dor,
Temperadas de sonhos e de dissabor.
Eu já não sou eu, sou ninguém ou alguém que em mim brotou.

O dia hoje é como um ontem ou um amanhã
Tão vivido, sentido e já perdido, esquecido;
O dia é uma página gris em um livro entorpecido
Onde guardo as minhas lembranças e esperanças...

Hoje é como nada, sou o nada! E tudo isto é nada
Que sinto e que vejo… Que no amanha verei, sentirei e serei,
Na vida nula que levei e que por pressão levarei...
Ontem lutei, perdi! Hoje... Desisto!
Amanha serei Fênix ai quem sabe...



quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

MARES E OCEANOS


Subo o cume mais alto;
E grito por você, clamo ao vento que carregue
meus pensamentos e te entregue;
Meu pranto se faz mar e oceano.
Minha alma em ruínas e escombros perguntando-se
Cadê você?

Porque te amo tanto?
E porque te desejo desesperadamente?
Caminho sobre fogo e pecados,
Absolvido caminho por espinhos e nuvens,
Mergulho fundo nas águas do meu pranto,
Solitário urro ao universo por você,
Luto com o tempo, guerreio contra a solidão,
Chamo seu nome, vejo você em pensamentos,
Sofro.

Estendo
-me sobre o mar da saudade,
Me lanço no lago da esperança
Corro, corro a beça para chegar o mais
perto do seu coração,
Para quantificar o meu amor,
E revelar o quanto sinto falta do seu mar.

AMOR COM AMOR




Amor com amor,
Traz paz, calor...
Para o amor sobreviver,
Preciso dizer:
Que amor não se reivindica,
Amor com amor não se explica...
O amor com amor se faz,
E assim se refaz...
Amor é a entrega
Das próprias rédeas,
E de toda a razão...
Entre abraços,
Entregar-se nos braços
Do outro...
Amor com amor,
É assim, infinito, lindo,
Tem cheiro, cor, sabor
E ainda assim sacia
Os que buscam matar a sede nele...
Amor com amor
Muita paz, muito calor...


terça-feira, 30 de novembro de 2010

COISA QUE EU GOSTARIA DE TER ESCRITO V

Vim Me Buscar

Marcelo Quintanilha
 
Desculpe eu vir outra vez lhe aborrecer 
Mas é que eu só vim pra me buscar 
De novo eu fui me esquecer com você 
Notei, pois não me encontrava em nenhum lugar 
E eu que jurei que não ia mais acontecer 
Não sei o que dizer pra você não zangar 
A culpa é toda minha, finjo que não vejo as horas 
Pra não te deixar sozinha
Fico, já tendo ido embora 
Volto pra casa sem mim que insisto em ficar contigo 
Se isso é assim um castigo 
Então que você se esqueça comigo

OLHOS E MARES


Eu vejo os mares
No verde dos teus olhos
E milhões de sonhos em forma de estrelas
Guardados dentro de ti
Eu só queria poder aplacar
Um pouco da minha saudade
Transformar em real por instantes apenas
Meus sonhos
Mas minha impaciência
Que em tudo me apressa
Me deixa na incerteza a esperar por ti
E assim estendo meus braços
Tento num abraço
O meu desejo matar.

SAUDADE II



Quando tudo é simplificado...
Nada mais que o natural.
A vida seguindo seu curso... E eu?
Ainda que as pessoas corram, morram...
Continue o transito parado...
O dia se esvaindo... E eu?
A noite vem tão veloz...
Os automóveis aceleram...
Na esquina, passos alegres! E eu?
Ouço risos perdidos... Vozes, choros...
Mas tudo estático no lugar... E eu?
As castas se unem... Os pares se alegram...
As proles celebram... E eu?
Parece tão frio... Tudo tão inútil... Para mim!
Nada de sorrisos largos... Sem mentira nos olhos...
É madrugada... Estou eu só! No corpo um desejo...
Não há morte ou dor... Somente uma vontade... De você!
Faria o sol parar... O dia não romper... Por você!
Mas a saudade... Não para a terra... Não move a vida... Pra te ter!
Quando as casas dormem... Meu corpo desperta...
As velas luzem... Pra te ver!
Olhar pelas frestas... Entre sons roucos e choros...
A noite vai... Cadê você? As luzes não se apagam...
O dia não raia...
Minha caminhada não quer e não vai seguir sem você!
Meu peito rega uma esperança... Aduba a saudade...
Plantada no vaso da solidão...
Preciso de você!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

FALTA



Tantas palavras dançam em minha mente,
Tanta coisa para dizer, tanto sentimento!
Meu coração anseia por uma palavra sua,
Minha pele sonha com um toque seu,
Meus ouvidos esperam suas palavras,
Seus olhos penetram minh’alma,
Descobrindo os meus mais íntimos segredos,

Desejos escondidos em meus poros,
E em cada poro uma poesia pra você
E em cada  milésimo de segundo do meu dia se faz presente,
E minha mente corre, vagueia em busca algo para exprimir esse sentimento,
que aperta o peito, que seca a boca e me consome.
Apenas consigo sentir e dizer:

S A U D A D E

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

COISA QUE EU GOSTARIA DE TER ESCRITO IV

Olha Pra Mim

Composição: Edu Tedeschi
 
 
Olhe lá fora
Veja o dia
Está nascendo
Algo maior
Olho pra dentro
Sei que você vê
Cuidado
Olhe pro lado
Nem todos podem
Ficar sabendo
Olho pra frente
Não me arrependo
Não vou perder
A chance de viver essa paixão
Olha pra mim
Quero crer que é você
Olha pra mim
Bocas têm o beijo bom assim
Ou então… feche os olhos
Olha pra mim
Quero crer que é você
Olha pra mim
Bocas têm o beijo bom assim
Não vou perder você

O BEIJO


Beijo
Preciso de mais um beijo
Como aquele que você me deu
Meio que provando o gosto, saboreando


Beijo gostoso, molhado
Com vontade
Explorando tua boca
Só que dessa vez
Sem culpa, sem medo

Beijo
Longo e demorado
Sentir que não foi só a tua boca beijada
Nem tua pele apenas
Mas tua alma

Quero te beijar longa e demoradamente
E que daí de forma natural a vontade apareça e cresça,
E te beijar mais e mais
Pra não existir mais eu
Nem você
Apenas nós, em um beijo

Tudo com um beijo
Sonhando por um beijo
Almejando um beijo
Tua boca na minha
E já não importa mais nada
Apenas quero que não acabe mais
O beijo

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

ESPERANÇA



Tantas vezes eu toquei o vazio,
na esperança de te sentir.
Quantas vezes eu ergui minha mão,
com vontade de acariciar teu rosto... de secar uma lágrima.
Tantas vezes eu fechei os meus olhos,
para poder visualizar tua boca sorrindo...
enquanto eu sentia que tu sorria... do outro lado.

Sinto tanto tua ausência...
Em meio a tanta presença.
Falta do teu calor...
Nessa gélida manha de verão.
Falta dos teus beijos...
Que minha boca nunca sentiu.
Falta do teu olhar...
Que foge ao meu quando te vejo.

Mas a tua voz me preenche, me aquece, me acaricia,
me embala em minhas manhas vazias...
E a esperança ocupa meus sonhos.
A esperança de que não tarde o próximo reencontro.
E de que não tarde a hora em que não vamos mais nos separar...


VOCE E EU

Você e eu
Nada mais,
Nem sinais
Nem perguntas

Você e eu
Pra me sentir feliz.

A terra inteira
Pode parar e se acabar em aplausos:
Pois dançamos bem,
Mesmo errando os passos
Que a vida nos ensinou,
E que o amor reprovou.

Nada mais importa, basta,
Eu e você,
Você e eu
Para reescrever essa história,
Pra saber o porquê
de tanta alegria em meio ao caos.

Você e eu,
e tudo fica perfeitamente lindo
tudo fica completamente preenchido
Transbordante...

Tudo é lindo e maravilhoso
quando se diz:

Eu e Você ou eu e você!!!

NOVAMENTE


Novamente respirei,
Novamente vivi,
Novamente a terra foi sacudida pelas ondas.
Vi você na praia deserta,
As linhas cruzaram-se,
Do outro lado estavas tu
Como sempre eterna e maravilhosa
Sentindo a doce canção que escolhestes para nós!
Como é linda... e assim como tu, simples e suave
Suave como a flor que se abre ao sol!
O mar nos aparta e as ondas me trazem sua doce voz
As ondas me falam ao seu respeito...
Em cada instante...
Em cada segundo...
Só as nuvens nos vêem olhando,
Um horizonte eternizado como um quadro...
Aquele que o Amor reservou para nós!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

ADEUS POESIA



Deixo o papel de lado
Esqueço a minha caneta
Tiro a fantasia do poeta que nunca fui

Deixo essa ilusão
Que só machuca meu coração
Não foi bom falar de emoção

As palavras fogem
Os versos não são claros
Perdido em meio a um turbilhão de emoções

Pra que lembrar dos sonhos desfeitos
Ou dos sonhados
Se meus versos não encantam quem eu sonho 

Por que falar das dores
Dos horrores, dos dramas
Se a dama que os lê não chora comigo

Por que dividir meus versos íntimos
Se eles mal são compreendidos
E sequer são respondidos

Não vou mais falar do amor
Que somente eu entendo
Se até mesmo ele me deixou

Para que falar de emoção
Se todos querem razão
E pisoteiam os delicados caminhos do meu coração

Nunca quis ser poeta
Apenas tentei transformar em versos,
Aquilo que sente meu pobre coração

Não quero mais
Hoje digo adeus a poesia
E guardo essa triste fantasia


ADEUS


Tanto sonhei, em vão,
Tanto desejei, chamei, clamei e não viestes.
Tanta foi a indecisão que o tempo esgotou.
Partiu para o adeus.
Que se separem os amigos,
Que se desfaça toda a esperança,
Que os sonhos se desmanchem,
Que os nós se façam na garganta,
Que a saudade se faça irremediável,
Que o chorar se torne inconsolável.

Tanto quis, em vão,
Tanto sonhei, chamei, clamei e não viestes.
Que sua voz torne-se muda aos meus ouvidos,
Que teu nome se cale e suma em minha boca.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

PELA JANELA



Cansa-me tentar acertar o que por si só é incerto.
Cansa-me esta triste espera, cansa-me ver pelas frestas da janela
o mesmo horizonte longínquo... Tudo permanece igual.
Sinto-me solitário, vazio, cercado de obrigações e rotinas
Sinto falecer em mim os últimos lampejos de esperança.
Pra onde irei? Pra que destino me levara o vento?
Mas o ar está inerte, denso, como se faltasse força
para ir ou para ficar... Estamos os dois, o vento e eu
sem forças.
E quando tudo fica assim, só há um jeito!
Vou vestir meu traje de luto,
Vou calçar sapatos sérios e blindados,
Vou botar a máscara de tristeza, vou aplacar a noite e chorar...
Quero a solidão dos monges,
Quero ser o último a ser achado entre os escombros.
E voltar a respirar o ar da madrugada,
Quero morrer e me sentir vivo,
ainda que seja tudo de fachada.
Porque amanhã vou olhar pela janela
que sem delongas vai escancarar a minha sina
de ser só, triste, invicto, quase imaculado
esperando por tempo infinito, o amor da pessoa que não me quer...

Da mesma fresta da janela que da pro nada eu olho mais uma vez
Acovardado, ao invés de morrer vou dormir.
Talvez quem sabe, em sonho ela vem, e por fim me faz... Amado


COISA QUE EU GOSTARIA DE TER ESCRITO III

Eu Preciso de Você

Roberto Carlos e Erasmo Carlo
 
Eu preciso de você porque tudo que eu pensei
que pudesse desfrutar da vida, sem você, não sei
meu amanhecer é lindo se você comigo está
tudo é muito mais bonito num sorriso que você me dá

Eu não vivo sem você porque tudo que eu andei..
procurando pela vida, agora eu sei
que andei sabendo que em algum lugar te encontraria
pois você já era minha, e eu sabia

Como a abelha necessita de uma flor
eu preciso de você e desse amor
como a terra necessita o sol e a chuva, eu te preciso
e não vivo um só minuto sem você

Eu preciso de você porque em toda minha vida
nem por uma vez amei alguém assim
você é tudo, é muito mais do que eu sonhei pra mim
e é por isso que eu preciso de você

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O CÉU E O MAR



O céu e o mar,
o céu branqueia,
o mar que clareia
a me esperar...

O céu e o mar,
é o pano de fundo
de um amor absoluto
que brotou sem plantar!

O céu e o mar,
instante encantado
a sina e o fardo
do peito a apertar...

O céu e o mar,
saudade que não finda,
da mulher mais linda
que me faz amar!


Feita em Ilhéus olhando o mar e o céu... rs

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

ALMA PERDIDA


Quando sozinho
Minha mente vagueia
Voa livre por aí,
Vai solta junto ao vento.
Numa busca incansável,
Quase que desesperada,
Tentando num afã encontrar
a sua alma que me completa.

Companhia perdida em dado momento,
numa estrada do caminho.
Não sei quando,
nem sei se um dia a tive,
Ou se foi só sonho,
Porém, a solidão me faz lembrar,
Existe um vazio que se faz necessário preencher.

Oh amor que eu desconheço e que tanto conheço,
aparece e não me deixa encontrar.
Tira o disfarce e não mostra tua face,
Só imagino seu sorriso que contemplo em sonhos, lindo!
Vem ilumina meu dia,
E afasta pra bem longe de mim,
esta solidão que me consome.

TEMPO




Eu hoje despertei com saudade.
E, assim como quem nada procura,
na gaveta da loucura,
entre os perdidos e achados...
achei o teu rosto iluminado,
no hoje, no amanhã, no passado,
dos desejos o mais sonhado,
minha mais doce ilusão.

E sem temer tempo ou idade,
envolto em sublime e doce loucura,
me entreguei a ti com ternura,
me doei sem cuidados,
num ato impensado,
e tão encantado,
que o Senhor do tempo emocionado,
deixou o mundo inteiro parado...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

UMA HORA



Tudo que tive em meses
Tudo que consegui em dias
Tudo que precisa em anos
Tudo que o “Divino” me concedeu
Tudo que eu podia querer
Nada que eu pudesse fazer
                         Para eternizar o momento

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

SEXO DAS ALMAS


Eu não quero o sexo pelo sexo
Eu quero as almas
Mas, Por Deus!
Não burocratizem as almas
Não transformem o amor
Numa operação aritimética
Num cartão de crédito
  Numa equação matemática
Cheia de fórmulas
Me canso de fórmulas
Elas são inúteis
E inútil pensar
Que cabemos em fórmulas

Somos, por natureza, seres que extrapolam
A nossa medida
É a desmedida
Porque somos bichos
Com coração e alma
E nisto reside toda a diferença
Nossa grandeza
E nossa miséria
Eu quero as almas
A vertigem das almas
O gozo desbragado
A bebedeira inocente
De quem só quer sentir
Sem pensar

Por Deus, não transformem o amor na rotina
Estúpida
E mecânica
Do supermercado
Uma vez por semana
Do sexo burocrático
Papai mamãe
“-Foi bom pra você?
As palavras escolhidas a dedo
Para não ferir susceptibilidades

Eu não quero o sexo pelo sexo
Eu quero as almas
E o amor absoluto
Depois, deixem que eu decida em que porões
Acomodarei meus fantasmas.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

QUALQUER DIA



Qualquer dia desses
Como que se revelando
Das sombras e da névoa
Em que se apartaram
Sem deixar vestígio
Há três mil anos
Nossos caminhos vão se cruzar
Num calçadão qualquer
De uma cidade
Num encontro agendado pelo acaso
Desde os tempos das historias
De castelos e contos de fadas
Eu lhe direi:
-Oi, quanto tempo!
E você dirá:
-Parece que foi ontem.

Qualquer dia desses
Alguém te chamará
Pelo alto-falante de uma estação distante
A comparecer na sessão de “achados e perdidos”
E lá estarei eu
“Achado”.

Bem sei que o mundo é pequeno
E as pedras se encontram
E vasta é a solidão
Que nos une
Desde tempos imemoriais

Qualquer dia desses
Também tendo o acaso como cúmplice
Pegaremos o mesmo avião de passageiros
Com destino ao país do faz-de-conta
E marcaremos encontro
Num café de paris
Para jantar com duendes

Qualquer dia desses
Faremos contato
Pelas linhas cruzadas
De um fone celular
Você dirá:
-Olá
E eu lhe direi:
-Venha depressa
Para que a distância
Nunca mais
Nos mergulhe
No silêncio.

O AFETO



Cultivemos o afeto
O afeto gratuito
Sem contraprestação
Nem garantias
O afeto sem tamanho
Nem medida
Sem fronteira
Território imenso
Não demarcado
A alma entregue
Sem comércio

Cultivemos o afeto
Antes que seja tarde

Cultivemos o afeto inocente
O afeto dos puros
O afeto que nada busca
Nada deseja
Nada aspira
Senão outro afeto
Compartilhado

Cultivemos o afeto
Antes que o silêncio anule nossos gestos
Antes que os sentidos se calem
Antes que seja tarde!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

UM OTIMO DIA



Um bom chalé
Um bom café
Um bom dia
Um bom cheiro
Um bom beijo
Um bom dia
Um bom abraço
Um bom amasso
Um bom dia
Um bom papo
Um bom laço
Um bom dia
Um bom som
Um bom tom
Um bom dia
Um bom amor
Um bom calor
Um bom dia
Um bom banho
Um bom sonho
                                                                                   Um ótimo dia...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

AMOR NA SEMENTE



Quando o meu amor estiver ainda verde
Regue com seu sorriso
E o aqueça com o sol do seu olhar,
Cuide para que cresça e frutifique
E não se torne estéril


Quando o meu amor estiver maduro
Que a colheita seja feita por suas mãos,
Quando meu amor amadurecer
Não deixe que passe do ponto
Para que as pragas e as ervas daninhas
Não o façam sucumbir


Quando o meu amor envelhecer
E começar a despetalar e morrer
Use os seus pedaços como adubo,
Deposite no solo sagrado do coração
E poderá ver a ressurreição
Pois assim como as sementes é o meu amor
Ás vezes precisa morrer pra germinar.
      

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O ANJO QUE ME DEIXOU ONTEM Á NOITE


O anjo que encontrei numa certa noite
Foi embora sem deixar vestígios
Nem recado
Só avisou ao porteiro que partia
Para rumo e local ignorados.

Fiquei com minha dor
Exposta ao tempo
O coração ao relento
E o olhar cansado
O anjo só avisou que partiria
Para rumo e local ignorados.

Ficou em mim o sorriso doce e tímido
A marca da pele
A luz do encantado
O anjo só avisou que partiria
Para rumo e local ignorados.