terça-feira, 7 de dezembro de 2010
ABANDONO
Agride-me o frio abandono
De um vil infinito tempo
Sem ter você para me doar
Delirando precipito-me a falecer
Fechado em dourado tumulo
Complicado de se salvar...
Queimo em um fogo sem flama
Longo tempo a solidão me ama
Amante ardente a matar.
Amor afia esta lamina
Que em meu peito descansa
E lança-me ao seu árduo pesar
Fiz de meu jeito seco cabana
E um pleno poço aberto na lama
De inútil e vazio pensar...
Salubre sentimento parasita
Desértica dor que mendiga
Afundo-me, bobo, sem respirar
Ah, meu amor que sina esquisita,
Sarcástica, irônica, maldita...
Ter asas sem voar...ter você sem poder amar
E a dor é bicho que se arrasta?
Um ser voraz sempre se afasta
Da paixão que lhe quer envenenar
Porém fecha-lhe o peito num ato trágico
E acena um adeus em um momento mágico
Pois a dor não vai mais açoitar
NÃO! Ao delírio senil, à bobeira,
Ao coração quebrantado, à zoeira,
À veia que pulsa em vão, o coração sem palpitar
Agarra-me luz derradeira
Que me apague a ilusão rotineira
Assim sofro e não deixo de amar.
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