sexta-feira, 15 de outubro de 2010

PELA JANELA



Cansa-me tentar acertar o que por si só é incerto.
Cansa-me esta triste espera, cansa-me ver pelas frestas da janela
o mesmo horizonte longínquo... Tudo permanece igual.
Sinto-me solitário, vazio, cercado de obrigações e rotinas
Sinto falecer em mim os últimos lampejos de esperança.
Pra onde irei? Pra que destino me levara o vento?
Mas o ar está inerte, denso, como se faltasse força
para ir ou para ficar... Estamos os dois, o vento e eu
sem forças.
E quando tudo fica assim, só há um jeito!
Vou vestir meu traje de luto,
Vou calçar sapatos sérios e blindados,
Vou botar a máscara de tristeza, vou aplacar a noite e chorar...
Quero a solidão dos monges,
Quero ser o último a ser achado entre os escombros.
E voltar a respirar o ar da madrugada,
Quero morrer e me sentir vivo,
ainda que seja tudo de fachada.
Porque amanhã vou olhar pela janela
que sem delongas vai escancarar a minha sina
de ser só, triste, invicto, quase imaculado
esperando por tempo infinito, o amor da pessoa que não me quer...

Da mesma fresta da janela que da pro nada eu olho mais uma vez
Acovardado, ao invés de morrer vou dormir.
Talvez quem sabe, em sonho ela vem, e por fim me faz... Amado


Nenhum comentário: