terça-feira, 21 de setembro de 2010

QUALQUER DIA



Qualquer dia desses
Como que se revelando
Das sombras e da névoa
Em que se apartaram
Sem deixar vestígio
Há três mil anos
Nossos caminhos vão se cruzar
Num calçadão qualquer
De uma cidade
Num encontro agendado pelo acaso
Desde os tempos das historias
De castelos e contos de fadas
Eu lhe direi:
-Oi, quanto tempo!
E você dirá:
-Parece que foi ontem.

Qualquer dia desses
Alguém te chamará
Pelo alto-falante de uma estação distante
A comparecer na sessão de “achados e perdidos”
E lá estarei eu
“Achado”.

Bem sei que o mundo é pequeno
E as pedras se encontram
E vasta é a solidão
Que nos une
Desde tempos imemoriais

Qualquer dia desses
Também tendo o acaso como cúmplice
Pegaremos o mesmo avião de passageiros
Com destino ao país do faz-de-conta
E marcaremos encontro
Num café de paris
Para jantar com duendes

Qualquer dia desses
Faremos contato
Pelas linhas cruzadas
De um fone celular
Você dirá:
-Olá
E eu lhe direi:
-Venha depressa
Para que a distância
Nunca mais
Nos mergulhe
No silêncio.

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